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Maria Regina Quadrini, ou simplesmente ‘Chu’, como é conhecida, é uma artista de primeira grandeza e singularidade. Suas peças não seguem uma escala padrão, mas a harmonia e a proporcionalidade de cada pecinha em seus ambientes é indiscutível!
Seus trabalhos equivalem, aproximadamente, aos de escalas que vão de 1:24, 1:48, 1:87 (HO), 1:120, e até mesmo 1:144 ou menor! A delicadeza e perfeição de seus trabalhos é extraordinária!
Vivendo num paraíso ecológico de Embu - SP, alheia aos avanços da tecnologia, não tem site ou blog, mas generosamente se dispõe a receber e mostrar seus trabalhos a quem se mostrar genuinamente interessado.
Fotos de seus trabalhos no final da página.
Eu sou a terceira filha de meus pais, mas minha mãe tinha certeza que ia ter um menino. E ela fez todo o enxoval de menino, até o nome já tinha escolhido. Quando eu nasci foi em casa, de parteira, sem chorar e já chupando o dedo. Meu irmão mais velho olhou para mim e disse “ah, mas que chuchuzinho!” E todo mundo passou a me chamar de Chuchu. Minha mãe só foi pensar em um nome para mim 3 dias depois de eu nascer! Eu fui descobrir que meu nome é Maria Eunice quando eu fui para a escola. Até então todo mundo me chamava de Chuchu. Eu voltei até chorando, porque eu não reconhecia essa “pessoa”, não sabia quem era. Além disso, 'Chu' cabe melhor como assinatura nas miniaturas... Os europeus me chamavam de Quadrini (meu sobrenome), mas não me adaptei bem, prefiro 'Chu' mesmo!
Esse apelido 'Chu', de onde veio?
Sim, se você reparar, todas minhas peças têm, em algum lugar, a pintura das flores, que é a minha “assinatura”.
Por falar em assinatura, seu trabalho tem uma 'marca' própria, não é?
Tanto eu quanto meu marido fomos autodidatas. Eu trabalhei por um tempo numa fábrica com pinturas de vidros e cristais. Pintava no torno, cada peça à mão livre. Monogramas em copos, tudo na mão! Trabalhei lá 5 anos. Aí conheci meu marido e ele não quis mais que eu trabalhasse fora.
Qual seu “passado” artístico?
Eu e meu marido gostávamos muito de conversar, conversávamos o tempo todo, sobre tudo. Nessas conversas eu pegava o miolo do pão, ficava amassando e ia modelando umas florzinhas. Ele adorou o que eu fiz. Eu não dei muita importância, mas ele trouxe umas tintas e eu pintei as florzinhas. Eu coloquei na madeirinha e uma amiga se apaixonou por ela e quis ficar com elas. Eu até estranhei, pois não entendi o que ela gostou tanto nas florzinhas.
Mas eu tive uma idéia, fazia florzinhas em durepox, punha em tampas de frascos de vidro, e colocava dentro uns torrõezinhos de açúcar colorido que eu tinha feito e dava de presente.
Um dia meu filho ganhou um avião de aeromodelismo, daqueles para montar, e sobraram as aparas da madeira. Eu peguei as aparas e fiz algumas coisinhas, uns moveizinhos, e montei um mini-ambiente. Meu marido levou para mostrar e acabou vendendo. Nem entendi como foi que isso aconteceu, mas ele chegou sem a peça e disse que tinha até encomenda! E eu nem sabia onde achava mais daquela madeira, mas procuramos, achamos na Aerobrás, comprei algumas ferramentas, e fui fazer.
E depois disso não parei mais. Comecei a fazer as miniaturas em 90, e saí na revista, em 92/93 (na Faça Fácil), e daí as pessoas me procuravam para ter aulas, me convidaram para expor no shopping, e cada hora uma pessoa me acha para ver as peças. Eu continuei dando aulas até 8 anos atrás, quando minha mãe começou a ter problemas de saúde e eu parei tudo só para cuidar dela. Depois que ela faleceu, foi a vez de cuidar do meu marido. E assim foi até que ele também faleceu.
Só agora é que estou começando a ter vontade de novo de criar, de fazer coisas...
Como você começou a fazer miniaturas?
Eu faço tudo no meu tempo... Meu marido era “correndo, quase voando”, eu sou “devagar, quase parando”... Com isso a gente se equilibrava. Quando ele se foi, eu perdi essa referência. Foram 43 anos juntos, não é fácil me adaptar à nova realidade. Eu me via como a 'mulher do Tavinho', e para mim ele é que era o grande artista. Mas para ele a artista era eu...
E também eu tenho medo de não dar conta das encomendas... Uma vez eu aceitei uma, mas me afligiu tanto! Eu não consigo produzir peças em série. Eu gosto de fazer um ambiente com a cara da pessoa, bem individual, harmonioso.
Gosto de fazer peças únicas. Eu já fiz miniaturas das minhas miniaturas (ambientes). Gosto de me desafiar!
E como colocar um preço numa peça que levei 3 meses para terminar? Como é uma peça pequena, tem muita gente que acha que tem que custar pouco, mas esquecem o trabalho que dá!
Sem divulgação as pessoas te descobrem, o que você está esperando para voltar com tudo?
Minhas melhores criações acontecem de madrugada. Que aí ninguém me interrompe, posso trabalhar à vontade. Às vezes eu ia deitar tentando achar uma solução sobre como fazer uma peça. Aí eu levantava com uma idéia e ia trabalhar. E ia até umas 6 da manhã.
Como é seu processo criativo?
Eu também quero, mas por enquanto o que eu curto mesmo é ver as pessoas se maravilharem com meus trabalhos, como o seu olhar ao ver minhas peças. Isso é muito gostoso!
Espero que você volte a produzir bastante, faça novas exposições e volte a dar aulas!
entrevista publicada em 20/06/2009