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Apresentando a talentosa criadora de bonecas (dolls*), Dana Burton. O drapeado (as dobras que o tecido forma nas nossas roupas) das suas dolls, o cabelo, a pose, tudo tão absolutamente natural, tornam suas dolls irrestistivelmente cativantes. Leia mais sobre esta generosa artista que tanto ajuda e inspira aqueles que querem aprender mais sobre a arte de criar dolls que mais parecem gente de verdade em miniatura!

Dana Burton

Fotos de seus trabalhos no final da página.

Eu gosto de criar pequenos alter-egos do que “poderia” ter sido minha vida sem essas maravilhosas voltas que a vida dá. E isto abre um vasto leque de lindas dolls para fazer. Então eu decidi ensinar novatos a criar tais dolls, ao invés de ir pelo caminho de criadora de bonecas exclusivas para colecionadores.

DHB: Dana, fale um pouco sobre você...

Isso foi no começo do grupo na internet, e lá eu presenteava alguns dos meus ‘kits’ a membros que realmente quisessem tentar fazê-los. E elas me davam um ‘feedback’ (comentários relevantes) sobre os kits, que eu ia melhorando, e falavam bem deles para o grupo. Uma coisa levou a outra e meu nome foi sendo promovido. Na época o grupo tinha menos de 100 pessoas. E quando a Sue decidiu desmantelar a lista em várias, de acordo com o assunto, e passar a propriedade delas para outras pessoas porque ela já não dava mais conta de tudo aquilo, meu nome foi sugerido e eu disse “claro!”. E assim foi que tudo começou.

DHB: E como surgiu a lista (MSAT Doll List)?

Vamos ver… Dolls de mulheres e românticas. Basicamente tudo o que eu gostaria de ser/parecer na vida real, mas não posso porque já passei da idade... Como ter lindos cabelos longos, cintura fina, um rosto liso e jovem, tudo que eu queria ter para mim... [DHB protesta: não acreditem nisso, ela é bela e ainda jovem!]

DHB: Você tem algum estilo preferido para as dolls?

entrevista publicada em 18/07/2010

É claro que ninguém faz dolls perfeitas... não dá! Nessa escala é impossível. Minha teoria é: se você fizer uma doll que é absolutamente perfeita, com todos os cachos do cabelo perfeitos, ela não vai parecer gente de verdade! Porque ninguém é perfeito na vida real. A menos que você seja uma noiva na sua foto de casamento e tenha um fotógrafo ajustando seu vestido e todas as pregas... ninguém é perfeito!

Minha principal queixa, que as pessoas não entendem, é que uma doll ‘perfeita, perfeita’, onde cada prega tem exatamente o mesmo tamanho, onde cada fio de cabelo está no lugar exato... vai parecer uma boneca!

DHB: O que faz uma doll – as SUAS dolls – serem tão realistas?

Eu acho que uns 80% das dolls por aí parece mesmo bonecas... E minha carreira inteira foi construída para mostrar às pessoas que é possível montar as dolls como se elas fossem pessoas flagradas em um determinado instante. O que isso significa para mim é que a maioria das dolls não tem uma pose natural, as roupas parecem sempre grandes demais, elas não parecem gente de verdade... Quando eu comecei, a maioria das pessoas jamais colocaria uma doll na sua dollhouse ou ambiente pelos motivos que você citou. Agora metade delas tem bonecas em seus ambientes, porque eu provei para elas que isso era viável. Se você ainda não quer ter uma doll na sua dollhouse, o que você pode fazer é o seguinte: você pode vestir uma doll incrivelmente linda que é absolutamente perfeita e você pode virá-la de modo que fique de costas para quem vê o ambiente. Muitas vezes o rosto ‘entrega’ que é uma boneca, nem sempre é bem-feito e vêm com uns olhos ‘esbugalhados’. Assim, com o rosto voltado para o outro lado, não dá para vê-lo. Ou você pode vestir muito bem um manequim ao invés de uma doll completa. Quanto à doll tombar, eu só monto dolls em suportes. Então, a menos que chute sua dollhouse, elas não vão tombar de jeito nenhum...

Acho então que o que eu diria é: se você fizer seu ‘dever de casa’ e colocar um drapeado realista, ela VAI parecer uma pessoa real.

DHB: Mas muitas pessoas dizem que não querem colocar dolls nas suas casas de bonecas (dollhouses) porque elas PARECEM bonecas e que isso estragaria a ilusão de realidade, e porque elas podem cair e quebrar as delicadas peças do ambiente… O que você acha disso?

É sim! Iniciantes costumam ter um fascínio, sabe-se lá porque, pela era Vitoriana. Quase todo mundo que começa na área quer vestir aquelas dolls chiques, cheias de babados, com 200 camadas de plissados. Nem eu, ou outros profissionais, nem sempre consigo acertar, elas tendem a ficar meio ‘pesadas’. Se você está apenas começando, monte dolls mais simples! Comece com os empregados. Aumente a dificuldade aos poucos até chegar nas damas mais cheias de ‘frescura’. Não comece logo do alto, da doll mais difícil de vestir, para depois ficar se perguntando por que não parece muito bom... É por isso que tem muita gente vestindo dolls de crianças, porque as dobras das roupas das crianças dão mais margem para erros. Você pode fazer roupas de bebês, ou pode vestir garotinhas… Bem, meninas sempre têm suas mães por perto verificando se elas estão bonitinhas e ajeitadas o tempo todo. Então, se tentar fazer todo o pregueado perfeito, fica mais realista. Mas se estiver vestindo uma doll de uma adulta e todas as pregas da roupa estiverem perfeitas, bem... nem tanto!

DHB: Isto é, na verdade, um grande estímulo para mim e outras pessoas que, como eu, simplesmente não conseguem fazer nada ‘absolutamente perfeito’! :)

Eu gosto de dolls porque elas dão uma dimensão histórica a um ambiente. Se não tem gente nele… por exemplo, se você tem um quarto e só coloca uma camisola na cama, parece que ela [a dona do quarto] acabou de levantar e foi a algum lugar. Mas se você tem uma cama com uma camisola jogada em cima e uma mulher está sentada junto à penteadeira, lendo um romance e ela tem algumas lágrimas nos olhos, há uma estória inteira ali.

Então para mim, se você adiciona uma doll, isso dá uma dimensão totalmente nova à sua estória. Sem a doll é apenas algo estático. O ambiente pode ser perfeito, absolutamente maravilhoso, mas é estático. É por isso que eu gosto de acrescentar uma outra dimensão. Acho que na medida em que vou ficando mais velha, mais eu gosto de coisas que contam uma estória. Gosto de ter nuances de emoções e de ficar tentando imaginar de onde essas emoções vieram ou do seu passado, ou nos “e se”... “E se o marido desta boneca estivesse na verdade voltando para casa?” e “o que ela vai vestir?” Então você pode imaginar: “ah, eu posso fazer um vestido bem lindo para ela!”, ou “ah, aposto que ela quer um vestido vermelho bem sexy!”... ou quando eu olho para a doll eu posso pensar “hmmm, ela não quer nada sexy, ela quer um vestido bem romântico e cheio de babados!”, aí eu posso deixar ela descalça, de cabelos longos, imaginar o vento soprando, a saia levantando um pouco, ela se virando apenas um pouco porque ela acha que ouviu alguma coisa... Tudo isso é só uma estória que você pode conseguir com uma doll, tudo em apenas nuances, que não dá para conseguir de outra forma!

DHB: No Brasil há pouquíssimos miniaturistas fazendo ou vestindo dolls. O que você diria a eles para encorajá-los a mudar este quadro?

Trabalhei na Page Jewelers, como assistente de gerente por muitos anos.

DHB: E o que você fazia antes de criar as bonecas?

Quando eu tinha 16 anos, eu vestia bonecas chamadas ‘Brenda Breyer’, da ‘Breyer Horse Dolls’ e eu fiz isso durante uns 3 anos. Depois eu me casei e não fiz mais nada nesse sentido por um ou dois anos, porque tive filhos em seguida. Passada essa fase, eu quis voltar à ativa e resolvi voltar a vestir aquelas bonecas “amazonas” porque era algo que eu sabia fazer e me rendia algum dinheiro, claro. Aí eu fui a uma feira de miniaturas em Chicago e vi as bonecas montadas por alguém (Feathers, lace & pleat) e decidi: “É isso que eu quero fazer!” No caminho de volta eu fiz meu marido parar na biblioteca e peguei alguns livros sobre como fazer bonecas de porcelana e virei auto-didata…

DHB: Como você descobriu que tinha este talento para criar dolls realistas?

Bem, há duas formas que eu conheço de criar dolls: ou você olha a doll e você “vê” o que ela irá vestir, ou você olha o material e você “vê” que vestido ele deveria ser. Eu sou do segundo tipo…

DHB: É assim que você se inspira? Você olha para uma doll e começa a imaginar que estória ela está ‘tentando’ contar?

* apesar de 'boneca' ser a tradução de "doll", o termo original em inglês será mantido quando se referir à 'gente' em miniatura usada nas dollhouses. Em miniatura também existem bonecas mesmo, miniaturizadas, que são usadas em ambientes que reproduzem quarto de crianças, etc. Somente estas são referidas como bonecas por todo o site.

DHB: E agora o grupo tem mais de 1.500 membros, de todo o mundo!

Este ano todo fizemos [no grupo e nas aulas] vestidos de casamento, de alta costura, então... sim! (risos) Mas eu não gosto de vestir as dolls com jeans e camiseta, ou um vestido bem simplesinho. Eu tenho bastante ‘frescura’ dentro de mim para ser de certa forma romântica, porque, basicamente, as dolls são – de novo – uma projeção do que eu não posso ser mais, então eu ponho nelas tudo o que eu gostaria de ser. E quando eu consigo isso, quando consigo canalizar meus pequenos desejos, caprichos e sonhos em uma doll, sei que ela vai ficar ótima, independente da época retratada.

DHB: No Brasil o hobby de dollhouses ou casas de bonecas não tem tradição como na maioria dos países de língua inglesa ou na Europa. Então, ao contrário desses países, geralmente se prefere os ambientes mais ‘modernos’, mais atuais. Você gosta de criar dolls contemporâneas?

Uau! Isso vai levar mais tempo do que temos! (risos) Ok… agora estou trabalhando em um espartilho e ela é inspirada na Maria Antonieta, mas mais moderna. Depois tem um casal romântico para uma aula que darei na Europa. Aí, para a série de Tutoriais 2010 para Assinantes, tem uma dama medieval, em que estou trabalhando um mini-macramê, para fazer aqueles cintos medievais que ficam na frente da roupa. Depois tem uma doll de fada, e para ela eu já fiz as asas... Poderia continuar, mas esses são os 4 primeiros da lista.

DHB: Em que dolls você está trabalhando atualmente?

Bem, tenho a mini-doll list, tem a revista online Frills & Fancy, temos a Posse, que é uma ‘sala de bate-papo’ e que é também onde eu dou as aulas “Solutions Classes” (dicas em geral) e “Bridal Classes” (como vestir uma noiva). Também gravo um podcast em áudio. Mantenho o blog ‘ Dolls of Romance’ [infelizmente o serviço onde o blog era mantido fechou], que é na verdade minha Galeria de dolls terminadas – elas foram todas vendidas e não tenho outro lugar para expô-las. Finalmente tem o Miniature Art, onde eu disponibilizo meus tutoriais, vídeos, podcasts de áudio, etc…

DHB: E seus projetos em geral? Você tem a lista de discussão...

É verdade.

DHB: Tem também as aulas internacionais! Você viaja até bem longe para ensinar!

Se você for ao blog “Dolls of Romance”, verá a Bella Dona, logo no início [o blog fechou, mas dá para ver fotos da doll mais abaixo]. É uma doll muito bonita. Eu não gosto do rosto dela, mas o vestido ficou ótimo e o cabelo e a postura – ela seria a minha favorita.

DHB: Você tem alguma favorita, entre todas as dolls que já criou?

Todos os profissionais têm, é claro, lindas dolls. E eles, cada um à sua maneira, têm seus pontos fortes. Por exemplo, a Prisca faz dolls da época Tudor absolutamente lindas. As dolls dela são absolutamente perfeitas! Eu sempre provoco ela dizendo que elas não parecem de verdade, são perfeitas demais (risos). É curioso como a vida pessoal afeta nosso trabalho... A Prisca é suíça, e tudo o que ela faz é absolutamente perfeito! E isso reflete no trabalho dela. E a época Tudor tem que ter dolls perfeitos, a menos que estejam na roupa de baixo (roupões, etc), tudo tem que estar perfeito. A Annemarie esculpe dolls maravilhosos também.

DHB: Você tem alguma doll favorita, feita por outro artista?

… (pausa)… Eu não faço a menor idéia! Veja bem, é difícil porque se eu olhasse para uma doll e soubesse o que ela seria, ou o que ela deveria vestir, eu poderia responder. Mas as minhas são criadas quando eu olho um material e me vem um ‘estalo’! Aí eu compro o material e levo para casa. Então eu não crio uma doll para trabalhar algum estilo, eu encontro o material e ele me ‘diz’ o que ele deveria ser...

DHB: Você tem alguma ‘doll dos sonhos’ que ainda não tenha criado?

Se você estiver pensando em criar dolls e não tem o material adequado, ou não tem como conseguir, me manda um email. Temos um programa maravilhoso de AGA (Atos de Generosidade Aleatórios – RAK em inglês) e faço questão de proporcionar a qualquer um que realmente queira a oportunidade de criar uma doll. Você pode não receber a doll mais perfeita ou o material mais incrível, mas você receberá coisas ótimas para começar a trabalhar. E se me mostrar que tem intenção de continuar… Eu já tornei este sonho realidade para muitas pessoas. Tornaram tudo isso possível para mim, então eu estou passando adiante.

Mas o mais importante é: você não pode ter receio de começar! Se der um passo de cada vez, no grupo [que é totalmente em inglês] você encontrará muitas pessoas dispostas a ajudar, um monte de informação. Eu tive que fazer tudo sozinha, peguei livros na biblioteca – não tinha grupos na internet naquela época! Quando eu comecei a criar, o ‘código’ entre os criadores de dolls era: “não divulgue seus segredos, não diga como faz as coisas porque seus alunos se tornarão seus competidores”... E é esta uma das razões pela qual eu escolhi ensinar a criar dolls ao invés de ficar como artista de alto nível, criando dolls profissionalmente por centenas de dólares cada uma. E jamais diga “Eu não tenho dinheiro para isso”. Quer saber? Se eu consigo meios para criar, você também consegue! Sempre se dá um jeitinho. Você pode fazer trocas com outras pessoas. Você pode ir a brechós (lojas de roupas de 2ª mão) para conseguir tecidos. Só não pode adiar mais nenhum dia!

DHB: Você gostaria de mandar alguma mensagem aos miniaturistas brasileiros?

Isso mesmo! :)